sábado, 14 de março de 2009

Estética Totalitária: Uma só Beleza

Uma das coisas que vejo e me deixam intrigado ou mesmo incomodado é a obrigação que muitos sentem em obedecer a padrões estéticos, muitas vezes com sofrimento. Uma verdadeira Ditadura da Beleza. Fico triste ao ver pessoas bonitas em sua natureza se rederem as pressões dos padrões impostos. Mas eis que surge um “tostines: É a mídia que determina como as pessoas devem ser ou ela só reproduz o modelo desejado a fim de lucrar mais?

Já vi gente dizendo que a mídia, em busca dos seus lucros, só mostra o que nós queremos ver. Mas como esse gosto como se define? Essa visão ignora o poder de persuasão da publicidade e os interesses mercadológicos de grandes setores industriais: roupas, cosméticos, clinicas de estética entre tantos outros que se alimentam dessa necessidade de aceitação e enquadramento que sentimos. Não consigo nos ver, perante as corporações midiáticas, em uma posição que não seja de vulnerabilidade e hipossuficiência. Acredito sim que nossos desejos são colonizados.

Apesar do crescimento dos metrossexuais, as pressões estéticas sempre recaem com mais potência sobre as mulheres, como se já não bastasse os problemas lembrados por todos no 8 de março – jornada dupla entre casa e trabalho, receber menos que homem tendo mesma função – elas têm que passar por tudo isso magras, sem rugas e com cabelos perfeitamente lisos.

Eis que nessa “semana da mulher” eu vejo uma propaganda de uma linha de xampu e condicionador. Será que eu estou muito chato e fico regulando e procurando defeitos em tudo que vejo ou realmente essa campanha publicitária, além da imposição do padrão, tem uma clara conotação preconceituosa?


Percebam como as mulheres que não tem cabelos perfeitamente lisos ficam para trás no vídeo. "Cabelos cacheados ou afros atrasam sua vida", é a mensagem.

Como se livrar disso? Como termos mais posse de nossas vontades? Você sente que obedece a essas ordens?

Eu queria muito não ser devorado.

26 comentários:

Anônimo disse...

eu tava conversando sobre isso agorinha mesmo....a estética
pessoas ligam sempre beleza a estetica, formas perfeitamente corretas, linhas curvas traços proporcionais e esquecem que o conceito de beleza é mais amplo que isso
o pior de tudo é que se tornou tão convencional que as pessoas levam isso pra vida pq ser esteticamente agradável é ser aceito e isso todo mundo almeja
é triste isso, + infelizmente já tomou conta, mudar? acho utópico d+

Anônimo disse...

De fato, é uma realidade que está a cada dia pior. Bom... a Bia já falou sobre a preocupação em relação à beleza e estética, não tem muito o que acrescentar.
Mas quanto a você, Társis! haha
Escreve bem, tem ótimas ideias e sabe as expressar bem... Só falta livrar da preguiça e postar sempre aqui, né? haha
Ou para isso teremos que fazer a "Ditadura da blogosfera"? :p

Abraços!

Anônimo disse...

Ser gostosona até quando puder, toda mulher quer ser.. não vou ser hipócrita de negar isso. Mas qual o homem que também não gosta? rs.
Mas quanto à propaganda do shampoo aí, eu nem ligo pra essas coisas.
Aprendi a aceitar meus cachos quando passei a olhar pros MEUS cabelos e me sentir mais bonita e natural, do que se fosse me adaptar ao padrão 'escovado'.
Mas fazer o quê se o nosso ego só se sente bem quando deixamos de nos dar valor, pra dar valor ao que achamos bonito nos outros?
Como diz Bia.. é utópico demais querer mudanças!

Anônimo disse...

Entendo que pouco importa se eh a midia ou nao quem traz essa ideia toda de beleza ideal....creio eu que o problema todo está nas pessoas q aceitam esse tipo de opiniao e passam entao a ou fazer tudo pra ser o "logotipo" de beleza ideal ou passam a discriminar aqueles que nao atendem aos reais parametros exigidos. E por mais que nao queiramos,acabamos atingidos por essa aceitacao cada vez mais desenfreada de todos.

Anônimo disse...

No paradoxo Tostines, acredito em: a mídia determina, a gente obedece. Apesar das muitas contribuições que ela traz!

A ciência reforça a cada dia que dieta balanceada, controle das calorias ingeridas, e atividade física regular fazem a vida melhor; que reservar um tempo para si até mesmo quando o dia precisaria de 36h de 90 minutos não é um mal, mas BEM necessário; o carro pela carona, a moto pela bicicleta, elevador pela escada, e tudo o mais que eu e você sabemos de tando ver, ouvir e ler por aí.

"Ainda não é o bastante!", nos passam entrelinhas. A famosa, linda, maravilhosa e gostosa[?!], capa da semana, veste jeans 36, tem dedos dos pés em escadinha, cabelos escorridos, dóceis, finos — e já pariu. Tal qual aquela que cantou, pulou e encantou no trio elétrico. Em outras avenidas talvez fiquemos em dúvida quanto ao padrão, mas não do cárcere. De Viviane Araújo à Paola de Oliveira, nenhum chocolatinho. Aliás, só mesmo um Bombom, a Adriana, cujo abdome é mais definido que um Diamente Negro 170g, mantido nos pré-carnavais à clara de ovo e batata doce. Zero caloria e quadril, como a Bárbie.

A neura afeta ambos os sexos e várias sexuailidades. É preciso perguntar a si mesmo se já começamos a ser nós mesmos. Ou se deixamos de ser antes, durante ou depois do intervalo comercial.

Anônimo disse...

Ê Társis, tem que upar Espartilhada, do Princípio Ativo pra galera ouvir também(tem haver com o tema), lembrei dessa musica porque hoje eu tava excluindo umas coisas que não me interessava mais da lista dos meus arquivos recebidos... kkkkk, Brincadeira vei! A música é massa.
Também sou a favor das mulé natural, sem chapinha, blush e o caralho a quatro... cabelo cachiado é o que há, gordurinha a mais ou gordurinha a menos tanto faz, ter cabeça é o mais importante, mas como rayanna disse: "Mas qual o homem que também não gosta?"

Anônimo disse...

Interessante vc citar isso. realmente a midia se fecha a um unico e exclusivo padrão de estetica. Toda propaganda é puxada pro lado das mulheres mais belas de cabelos lisos e sedosos! A unica propaganda q vi q ñ seguia esses criterios foi da Dove! quem ja viu sabe do q toh falando. Varias mulheres de diferentes tipos de cabelos e gordinhas tb. pode reparar como eh diferente! ñ sendo como as outras q soh passam magricelas altas de cabelos lisos, olhos claros e blá blá blá. Ainda bem q a sociedade tem os seus q abre os olhos para mostrar q n eh soh akele tipo de mulher ou homem q pode aparecer numa propaganda na Tv ! e francamente.. grande bosta aparecer na tv. ¬¬"

Anônimo disse...

Tipo, véi, seilá, a mídia ja comprou essa galera ae tá ligado, vc nunca vai querer passar a mão no cabelo da mina naquele momento romantico,na proa do titanic e a porra imbaraçar.
mais veio, identidade é uma coisa muito massa q vale mais a pena.
um dia desses eu ví uma minina bem bonita com um rasta na metade do cabelo, loko.
mais ae ja era ta ligado. minha dermatolgista é aquele tipo de mina toda culta bunitona q num faz a cuticula querendo imitar os europeus q eu to ligado, querendo tipo assumir, e tem o cabelo lisinho. ela é negra, linda ainda, mas bem q ela podia jogar um rasta só da metade pra baixo né =]


eu queria passar uma mensagem pros metros ae tbm pra parar de rapar a perna e o suvaco

Bruno Silva disse...

Não é de hoje que a mídia manipula as nossas tendências, mas agora - após ver esse video - refletir que cada dia mais essas manobras estão preconceituosas e desrespeitando explicitamente.
é Uma pena tudo isso. Mas quem ousa ser o averso do discurso da sociedade.
Olhemos no espelho e molhemos ele com tamanha hipocrisia que escorre de nós.

Anônimo disse...

em fim chegamos a era das banalizações.dentro das convenções socias haveria algo de realmente autêntico?de fato cabeças de anta em corpos de cisnes alavanca grandes admirações.ora,no homem persiste duas almas,a externa e a interna e qual pevalece em você?aquela que lhe dá sentido a vida quando alguém lhe dá aprovação ou aquela que lhe faz sentir ser o que és?a bundalização ou simplesmente a coisificação da beleza imcorporou novas expectativas diante da mulher e do homem,a legitimação de se prostituir em frente as camêras de televisão.mas,se ainda vos causam dúvidas entre a questão de ser ou não ser.seja aquilo o que tu és,por mais que não sabes sê-lo pois ser não é uma questão de saber,mas sim o constante aprender ser

Unknown disse...

Eu cá com meus cachinhos, apesar de gostar deles, não vou negar que às vezes sinto-me destoar em meio a tantos cabelos lisos à base de escovas disso e escova daquilo...chapinha..., pra quê tanto sacrifício pra se enquadrar em um esteriótipo que impressione talvez nos primeiros 10 minutos de um encontro?... Há tantas coisas tão mais interessantes que um cabelo esvoaçante que pode estar enfeitando uma cabeça vazia.

thamara/ disse...

Acredito que a mídia haja pelas duas maneiras, pois as pessoas não vão seguir firmemente(espero) algo que não as agrada, nem que seja um pouco. Entretanto a mídia impõe o que uma minoria deseja, como essa marca de xampu. Uma minoria rica querendo vender o seu produto.
Não são só as mulheres e metrossexuais que obedecem a mídia. Os homens, mesmo que inconscientemente, atendem aos apelos da mídia e descrevem suas preferência baseando-se no que se impõe. As mulheres, assim, tendem a seguir essa multidão. Não que não tenham opção! Claro que têm.
Um cabelo cacheado, uma gordinha que se ama do jeito que é, um baixinha que não vive em cima do salto... a idividualidade é até mais bonito que pessoas usando uniformes.Particularmente eu acho lindo as pessoas que exploram e aceitam seus cabelos cacheados.
Isso também não quer dizer que eu estou livre dessas imposições, pelo contrário. Confesso que sofro bastante pra me igualar de certa forma aos padrões 'comuns' de beleza, mas também não deixo de usar o que eu quero porque não é o normal.
A maior dificuldade em se livrar dos problemas é não aceitar que eles existam, o que a maioria faz. Todavia a minoria que tenta se livrar reclama mas não age. Em um momento estão em passeata lutando pelos direitos das mulheres e logo em seguida vão pra salão de beleza ou pro shopping. rs

Anônimo disse...

"O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição. "

Larissa Santiago disse...

somos sim influenciados pelos mass media, mas acredito também que com mais educação deixamos de ter a publicidade como exemplo!

Cajuh disse...

Somos muitos alienados pelo mundo.

AndLogo disse...

Alienados ou naum, o bom eh s sentir bem .. e tbm naum s preucupar com tantas coisas banais, isso acaba estragando.

Genildo Cerqueira disse...

"Canibal Vegetariano devora planta carnivora"... é assim que anda o mundo. Alguns poucos fazem a diferença, mas ainda sigo minha utópia que seremos a maioria!

A, Srta. disse...

"Eu queria muito não ser devorado." Só tenho a concordar com essa frase. Mudando de assunto... Em uma tentativa de responder a sua pergunta, pensei no "fenômeno" do funk-preconceituoso-nojento. Quem começou? A mídia ou o povo? Como ele ganhou taantos admiradores em todas as "classes sociais" [dúvidas quanto a significância do termo, mas evoca o significado desejado por mim, espero]? Acho que a mídia explora de uma maneira muito cientifíca a predisposição que nós temos a aceitar certos acontecimentos ou objetos. Pode ser que resquícios do comportamento instintivo animal em nós, humanos, valorize uma mulher "carnuda" e o próprio ato sexual, que, ao ser explorado nessas músicas, nós entusiasme. Da mesma forma, parece já haver uma tendência cultural histórica (e não encare isso como algo determinado ou talvez determinista)a valorizar as mulheres que se aproximam do modelo europeu de cabelos lisos/olhos e cabelos claros etc.. Em ambos os casos, o nosso diferencial como ser humano seria pensar no que fazemos ou em que acreditamos. Mas, cá entre nós, observando a nossa sociedade, dá pra acreditar que a maioria pensa? Anh, assim, a mídia teria apenas a função de aproveitar das tendências que a maioria não racional acataria e, com isso, mover capital. Mas, essa foi uma análise bem rápida, pois estava de passagem por aqui e resolvi comentar, antes mesmo de desenvolver essa linha de pensamento. Me diga o que acha. Estarei esperando! Até!

Anônimo disse...

alineados, um bando de alienados. beleza ultrapassa todos esses detalhes, é algo interno. mas deixe estar, um dia nós seremos a maioria.

Paula Babilônia disse...

Acho que é essa uma das raras circunstâncias eu que eu concordo PLENAMENTE COM VOCÊ, EM NÚMERO, GÊNERO E GRAU.

Anônimo disse...

ô...
vc tirou o anarquistinha da sua descrição!

:(

Halff disse...

no final das contas eu discordo, a publicidade é mecanismo de venda, venda de sensações, desejo e por ultimo de produtos. Vivemos em um ambiente que temos tudo que precisamos, quando falo de classe média, sendo assim o desejo 80% das vezes não parte da falta, mas do comparativo, compara-se o cabelo liso com o encaracolado, o carro branco com o carro preto, a moto bicombustivel com as outras, a tv de tela de não se de q com a comum e por aí vai... só reconheço no final das contas a fragilidade de alguém que entra em drepressão ou o diabo a 4 porque não tem cabelos lisos! em contrapartida ao comercial da loreal tem o comercia do afrohair que o cabelo ondulado é o mais atraente e aí?

Halff disse...

e eu acho cretino tentar separar a beleza de formas! acho inteligente ter preferencias! prefiro roupas claras a escuras e é fato! e sempre vou achar as claras mais bonitas e eu prefiro assim!

Paulo Bono disse...

post do caralho.
e a propaganda é nojenta.
mas ninguém ri disso.
só de gordo se fazendo papel de bobo.

abraço

Thais Conde disse...

Adorei como você analisou a propaganda para representar o pensamento que é transmitido sem que percebamos..
Estou já um tempo para adicionar no meu blog propagandas do tipo demonstrando o racismo, o machismo e o esteriótipo...
Depois você confira!

@nanda_morelli disse...

Há algumas semanas aproveitei a ocasião para jantar com a minha família, vítima de um daqueles ataques sentimentalóides que vez ou outra nos acometem.

Para encontrar minha família, basta procurar em seu habitat natural: no sofá, na frente da TV.

Ah! Que saudades do Fantástico. Não deve ser tão ruim assim, pensei.
Na ocasião estava passando uma matéria, liderada pela Regina Casé, que falava sobre Moda. Moda no sentido de hype, não necessariamente de roupa. Sacou? Então, merda à vista. Mas continuei vendo.

Na matéria, abordaram um salão de beleza e começaram a discutir sobre chapinha e tintura, advinha a cor.

Enquanto zombava do cabelo tingido e alisado de uma mulata, que era a cabeleireira do salão, Regina Casé debocha: "É loira original, né? ha-ha-ha! Toda mulher já deveria nascer lisa e loira!" Ao mesmo tempo uma loira "original" mostrava a foto do seu celular, como "prova" de sua genuína loirisse.

Disse tudo isso para comentar que tens toda razão ao dizer que nosso padrão estético é colonizado. O que me irrita profundamente não é a questão das pessoas quererem ser aceitas em seus meios ou nichos sociais - todos querem ser bonitos e aceitos dentro do segmento que fazem parte - a questão é que tem muita gente por aí que acha super original pagar pau de europeu. E quanto a isso não me refiro somente à classe baixa, não. É justamente na classe média onde vemos as coisas mais burlescas e desprovidas de originalidade.

Às vezes me pergunto se vão adotar a prática de não tomar banho...

Se a África fosse a Europa, todos iam agora no cabeleireiro enrolar as madeixas. Iriam ouvir música ou ver filme africano...blablabla.

E falar que o padrão midiático não é colonizado é a mesma coisa que falar que a mídia não é racista por que coloca negros em suas novelas - como motoristas.