quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Conversando com um reacionário

Triste é saber que este é o pensamento médio entre nosso povo sobre o caso dos abusos contra a escrivã de polícia em São Paulo. Então, essa conversa que tive no twitter serve para exemplificar.

Meus amigos, ainda há muitas lutas para alcançarmos a justiça.

Segue o papo:

@lucasxfreitas: Quem tá com dó daquela escrivã ladra é o mesmo que defende direitos humanos pra quem mata... Apesar do mimimi, a abordagem foi um sucesso.

@tarsisvalentim: esse tweet faz parte do "muito irônico" da sua descrição?

@lucasxfreitas: nesse caso não, eu creio que é absurdo quem devia proteger simplesmente cometer atos iguais ao de meliantes...

@tarsisvalentim: mas os policiais que fizeram a revista cometeram crimes também. e ai?

@lucasxfreitas: a abordagem não foi um dos melhores métodos, mas o resultado foi 100% efetivo. A ladra, foi presa em flagrante com o dinheiro escondido exatamente onde ela se negou à ser revistada.

@tarsisvalentim: e tenho que te lembrar. veja o vídeo, ela em nenhum momento se negou a ser revistada. só pediu que fosse por mulheres.

@tarsisvalentim: e agora vamos prender o delegado por abuso de autoridade que é CRIME também?

@lucasxfreitas: Um simples comunicado de repreensão. Sem tirar os méritos de que ele tirou mais uma sujeira de dentro da corporação.

@tarsisvalentim: mas ele poderia ter os mesmos méritos se chamasse uma colega delegada pra fazer a revista. não acha?

@lucasxfreitas: e assim, gastaríamos mais dinheiro público com ladrão, sem contar a possibilidade que poderia haver do flagrante sumir...

@tarsisvalentim: sério? 3 PMs femininas + delegada da corregedoria o flagrante sumir? quer dizer o que o unico jeito era abusar!? ok então.

@lucasxfreitas: poderia sumir, não poderia? Por 1 segundo de descuido ela poderia fazer algo. E o "abuso" foi efetivo e consumou o flagrante.

@tarsisvalentim: de fato, foi efetivamente um abuso que como todos os outros devem ser combatidos e rechaçados.

@lucasxfreitas: apesar de respeitar, não concordo sobre o abuso. Abs, man.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Revoluções, twitter e as portas de banheiro.

EGYPT
Como pesquisa da minha pós-graduação em Direitos Humanos e Democracia na UESB, tenho estudado como as mídias alternativas, incluindo aqui redes e mídias sociais, podem ser ótimas ferramentas de organização e mobilização para a criação de uma cultura e defesa dos Direitos Humanos.

Sendo assim, torna-se quase que obrigatório, citar ou fazer um estudo sobre o uso dessas ferramentas nos levantes populares atuais na África (sim amigos, Egito, Tunísia, Argélia, Líbia, são países do continente africano. Pra quem gosta de falar de “África” como se fosse um país). O uso do twitter e facebook tem sido bem intenso e importante nestes movimentos ao ponto do Egito ter desligado toda a internet durante uma semana e a Líbia estar “puxando os cabos” todas as noites.

Comentando sobre o tema com o Prof. Paulo Cezar ele fez uma referência, em tom de piada, aos trabalhadores da COSIPA que acharam uma forma bem alternativa de comunicação na articulação das ações durante a ditadura militar no Brasil:

Nas condições de disciplina e vigilância existentes, sem contar com um espaço para troca de idéias e de informações, sem possuir imprensa própria e sem poder confiar naquela produzida pelo sindicato oficial, ”pelego”, os operários da COSIPA criam um imprensa sui generis para a preparação da greve: as portas dos banheiros foram convertidas em páginas de jornais e boletins informativos, com os escritos sendo apagados ao final de cada turno pelos últimos operários a usarem os banheiros. Estabelecem assim a comunicação entre os trabalhadores de vários turnos, neutralizando as informações vindas tanto do sindicato quanto da administração. (CHAUÍ,1986)

Como porta de banheiro só tem piada suja, putarias e inutilidades das mais diversas a ditatura deixou passar batido, o que nesse caso foi bem oportuno.

Minha conclusão: O Twitter é a porta de banheiro das revoluções do meu tempo.