No 7 de Setembro não fez o sol que estamos acostumados para esse dia. O dia estava nublado, anunciando uma noite fria como de fato foi. A chuva fina caia e algumas centenas de pessoas se aglomeravam no portão da concha acústica do Centro de Cultura. Era o lançamento do primeiro CD-coletânea produzido por membros do movimento negro de conquista, o grupo Malesuhulu. O lançamento, também, tinha como mote o Tributo ao rapper 2 Pac Shakur, lembrança aos 10 anos de sua morte, em setembro de 1996. Na noite, os convidados especiais, o maior grupo de Rap do Brasil: RACIONAIS MC’s
Todos os bairros da periferia de Conquista estavam lá representados: Patagônia, Vila Serrana, Alto Maron, Pedrinhas, México, entre outros. Os “manos” com suas roupas largas, tênis de skate, bonés e gorros brancos. Uniformizados, assistindo a apresentação das músicas presentes na coletânea que denunciam a discriminação, repressão policial, machismo, a falta de oportunidade que o “povo preto” sofre. Além disso, as músicas conclamam a união entre os membros das comunidades, única forma de poderem lutar por seus direitos. Enquanto rolavam os sons aumentava a vontade de ver os Racionais em ação.
Um vídeo, que pouco deu pra entender devido a miudeza das letras da legenda, e um banner, muito bonito por sinal, foi o que se fez em lembrança a 2 Pac. Prestadas as homenagens o grande momento: sobe ao palco os Racionais. Edy Rock, KL Jay, Ice Blue dão o seu boa noite, Mano Brow, o principal letrista do grupo, fica meio arredio até que com sua voz ultra-grave e contagiante começa o bate-papo. Sim, eles vieram para conversar. A maioria dos presentes não sabia disso, surgia um clima de decepção entre o público, mas não é que a conversa foi envolvendo os membros de tal forma que nem mais estavam tão preocupados com o show. Cada um falava dos problemas que enfrentam, relatos do dia-a-dia. Mano Brow, debaixo de chuva como todo o pessoal, falava de como lidava com situações parecidas com aquelas, parecia um grande pai pra quem estava ali.
Já atravessava a meia-noite, ultrapassando totalmente os horários do local, se deu o fim da conversa, não foi o show que muitos queriam, mas foi a noite com a qual poucos imaginavam, poder trocar uma idéia com, provavelmente, seu maior ídolo. Enquanto saia do palco perguntei a Mano Brow o que ele tinha achado da noite: “Muito bom, muito bom. Ouvir as pessoas é melhor do que falar”.
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